segunda-feira, 6 de setembro de 2010

NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS

 *Fabiana Beltrami

A primeira vista este título não me fez entender o que eu estava preste a assistir. Sempre ouvia falar deste documentário, mas nunca me interessou o título. Não entendia. Mas o acaso o trouxe em forma de presente o assisti. Na aula de Estudos Contemporâneos da Comunicação e Cultura tive outra oportunidade de revê-lo e emocionar-me mais uma vez.

Mas ao final da primeira vez que assisti coube como uma luva. Este título expressa o objetivo deste filme-memória. Mas já nas imagens iniciais, passeando por um cemitério com a câmera, percebe-se o legado de todos nós: estaremos esperando os que lá também chegarão.

Através de arquivos de imagens realizados durante o século XX e recortes biográficos de personagens reais e ficcionais (representando os que certamente vivenciaram situações semelhantes durante o período) nos 72 minutos de imagens, fotos, música, efeitos sonoros, caracters e silêncio é mostrado, e conseqüentemente nos trazem a reflexão, o que o ser humano realizou para com ele mesmo durante os 100 anos do século XX.

O Diretor Marcelo Masagão é um quase psicólogo, pois não finalizou a graduação, mas chegou a fazer estágio no hospital Psiquiátrico de Trieste na Itália. Como profissional atua na área da comunicação e artes, mas no meu perceber, carregando consigo as inquietações da psicologia. Áreas presentes no desenvolvimento deste documentário. Ele realizou a pesquisa, produziu, dirigiu e editou. Criou o roteiro junto com Eduardo Valladares, teve a contribuição de Wim Mertens o qual criou a trilha sonora e de André Abujanra que fez os efeitos sonoros, e, contribuições espirituais como é citado no roll do filme: de Freud (pai da psicanálise) e Hobsbawm (escritor do livro A Era dos Extremos).

O silêncio, a música e a disposição como foram colocadas as imagens históricas umas depois das outras faz com que não sintamos falta de falas ou narrações em off. A dinamicidade na montagem destas cenas condiz com o século XX: a revolução industrial, o cinema, as guerras, as conquistas; e das experimentações frenéticas dos humanos num curto espaço de tempo, mas significantemente de grande proporção.

Assim como Hobsbawn quis mostrar através do seu livro o tamanho da catástrofe que o Ser Humano realizou; acredito que Masagão consegue através de sua pesquisa desta mesma história, usar imagens para o mesmo resultado. Usou de efeitos simples que eram utilizados no início do cinema através da trucagem, mostrar vários fragmentos na mesma tela. Ele não tece uma linha do tempo cronológica, mas ele transmite de uma forma condensada, e, de certa maneira pesada, as situações, vivências, surpresas que a revolução industrial trouxe para as sociedades.

As imagens das guerras, dos pós-guerras, do trabalho, do crescimento econômico e de alguns absurdos realizados pelo ser humano na busca do “crescimento” não estão tão distantes das imagens no jornalismo, na TV e no cinema atualmente. Hoje, estas imagens já estão banalizadas aos olhos dos leitores dos vários suportes midiáticos do século XXI.

Mas a trilha, realizada por Wim Merters, contrapõe a banalização. Traz a sensibilidade digna que cada imagem mostrada, deste passado recente, tenha o seu valor na reflexão de cada um que está aqui vivendo o agora. Assistindo a estas imagens que é o passado de todos que se fazem presentes diante da tela, do suporte para NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓZ ESPERAMOS.

Um comentário:

  1. Demais amigo, estou estudando esses mesmos conteúdos e tu está me ajudando a estudar para as provas! Muito grato!

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